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Signo do acontecimento: a física e o poder da ficção

  • Foto do escritor: cienciaeculturagp
    cienciaeculturagp
  • 9 de set. de 2019
  • 3 min de leitura

Dentre as várias questões discutidas no livro da Isabelle Stengers “A invenção das Ciências Modernas”, deparamo-nos com o seguinte questionamento: Será possível a ficção triunfar

sobre a verdade? E, se caso triunfe, o porquê disso? Nesse último encontro, 04/09, discutimos dois capítulos da Stengers “A ciência sob o signo do acontecimento” e o “Fazer história”.

Depois de um percurso ardoroso que o grupo teve nos capítulos anteriores, a autora nos prega mais uma peça e dessa vez com o que chama de poder da ficção. Nas primeiras seções do capítulo intitulado “A ciência sob o signo do acontecimento” a autora traz afirmações do tipo: Colocar a questão da ciência sob o signo do acontecimento é aceitá-la como processo contingente. Para exemplificar, a autora dispõe de alguns casos ilustrativos tanto na filosofia quanto na física. Embora o propósito dela seja mais tarde centra-se em um fato específico, o “caso de Galileu”.

Antes de mergulharmos em questionamentos que nos inquietaram, durante as discussões, damos ênfase para a seguinte questão levantada pela ilustre autora: Como caracterizar a história das ciências modernas como processo contingente? Nessa ocasião a autora cita nosso ilustre Kuhn para dizer que nem a ideia de comunidade científica e nem a ideia de paradigma são suficientes para caracterizá-la como processo contingente, sendo necessário algo que provoque espanto e que de fato singularize a ciência moderna como tal. É nesse momento que surge a figura de Galileu, um homem que no seu tempo provocou certas inquietações.

Seguindo em nossas discussões: Como Galileu aparece nesse contexto? E o que ele provoca na autora para ser alvo dela? Em primeiro lugar, Galileu foi considerado um marco para o surgimento da Ciência Moderna e consequentemente provocou certos espantos em seu tempo. Mas o que leva Galileu para o que ela chama de “poder da ficção” – refere ao poder que a linguagem tem inventar os argumentos racionais? Para isso, recorre a uma das famosas obras de Galileu “Discurso sobre as duas Novas Ciências” destacando a mudança nos papéis de Sagredo e de Simplício entre o Diálogo e o Discurso, após sua condenação.

Enquanto nas próximas seções do capítulo intitulado “Fazer história”, a autora retoma algumas das discussões. Dentre elas, chama-nos a atenção o posicionamento que autora traz a respeito da ideia de descoberta, afirmando que tudo aquilo que se intitula “descoberto”, nada mais é que uma invenção cujos atributos são relativos à nossa história. Além disso, enfatiza a supervalorização que damos à descoberta. Retomando outras de nossas discussões: Qual a relação das ideias descoberta e poder da ficção? Na perspectiva da Stengers, o “poder da ficção” constitui a “invenção” das ciências modernas e também aquilo que elas precisam fazer para se distinguir do poder da ficção. Mas, o que podemos entender nas entrelinhas? O que a autora quer nos deixar nesses dois capítulos? Para a autora, a singularidade da ciência se dá devido à exigência de ficções muito especiais, que conseguem se desvencilhar de acusações que apontem seu enunciado como “ficção”. Além disso, coloca-nos diante de uma emblemática: onde está à objetividade e a neutralidade usualmente definidas como característica da ciência? Para Stengers essa questão não faz sentido, pois, a ciência é humana, portanto carrega as marcas humanas, está estruturada sobre conhecimentos humanos e visa atender interesses humanos.

Para isso, convidamos a todos a fazer “tour” para saber como a autora lida com a questão da ciência e ficção; e com suas relações de força, tanto quanto presente em nossas pesquisas. Além disso, como se deu isso nos papéis de Sagredo e de Simplício.

Boa leitura!!!


Escrito por: Fernanda Domingos & Joana Soares.


Imagem: Frontispício do Dialogo di Galileo Galilei ,1632 Artista: Stefano della Bella


 
 
 

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