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Objetividade e sua fuga na história: Contrapontos

  • Foto do escritor: cienciaeculturagp
    cienciaeculturagp
  • 17 de out. de 2019
  • 2 min de leitura

Uma das questões que lidamos na ciência é o entendimento do termo objetividade, que por sua vez tem nos colocado numa posição contrária – quando pensamos na presença dela na história. Nesse sentido adotamos uma leitura “nada convencional” que dificilmente encontraríamos com facilidade, exceto nas discussões promovidas no livro de Lorraine Daston, “Historicidade e Objetividade” (versão brasileira de 2017). É nesse “mar” que colocamos um dos primeiros questionamentos: a objetividade possui uma história? Nesse último encontro, 09/10, discutimos o primeiro capítulo do livro intitulado “Objetividade e a Fuga da perspectiva”.


Nas primeiras seções do capítulo, a autora coloca-nos questões pertinentes quanto a um dos problemas mais fundamentais da epistemologia e da história das ciências: a historicidade e a objetividade. E a partir disso, faz-nos questionar: quais as relações possíveis que podemos estabelecer? Será possível pensar em uma história linear? A autora esclarece que historicizar não significa relativizar ou mesmo a invalidar. Mas, será possível pensar em uma história da objetividade sem recair numa relativização?


Dentre os vários sentidos associados à objetividade a autora diz que é confuso, ligado a único tempo e corresponde a algumas sentenças como: verdade objetiva, procedimentos objetivos e conduta objetiva. E, ainda diz que: Nessas camadas espessas de significados estranhamente combinados (...) nosso conceito de objetividade revela sinais de uma história complicada e contingente. Mas, de que forma podemos pensar essa história? Será que a história da objetividade continua em andamento?


Outro ponto que destacamos nas discussões é o significado que damos frequentemente à objetividade, que para a autora nem sempre foi visto como uma virtude epistêmica. Embora afirme que alguns debatedores admitem, na maioria das vezes, que o conceito é e sempre foi monolítico imutável, pelo menos desde o séc. XVII (isto é, tem sido tratado como consenso o sentido da objetividade e que não houve mudanças nesse sentido) e que posteriormente dizia respeito a ontologia – depois, de Kant, adota uma epistemologia de viés transcendental; mais tarde, se contrapõe a subjetividade; e se distancia possivelmente de uma metáfora perspectivística, apesar que é possível pensar numa objetividade aperspectivística posteriormente. Mas, o que seria esta objetividade aperspectivística? E, quais relações estabelecem com as ciências naturais?


Daston faz o exercício de contar a história da objetividade, esclarecendo que ela não nasce nas ciências naturais, e utiliza exemplos retirados da literatura sobre moral e estética do século XVIII: elenca elementos da objetividade aperspectivística na visão de Hume, em que deveria haver um "esquecimento de"; para que uma visão padronizada fosse atingida.


Completa a contação da história da objetividade, com Adam Smith, para nos fazer entender o desenvolvimento da imparcialidade e o nascimento da suposta "neutralidade";. Daston argumenta que a objetividade migrou para as ciências em meados do século XIX, devido a vastas mudanças na organização da ciência, global e localmente e adiciona ainda que a adoção dessa objetividade aperspectivística como ideal científico não foi livre de custos, tendo uma de suas vítimas, a habilidade. Termina seu capítulo com uma crítica afiada aos cientistas que se pretendem objetivos, neutros, porém ainda buscando reconhecimento.


Convidamos a todos a desfrutar dessa leitura.


Por Brenda Galvão & Fernanda Domingos.


 
 
 

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