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Como as ciências se relacionam com o universo das mulheres?

  • Foto do escritor: cienciaeculturagp
    cienciaeculturagp
  • 2 de set. de 2019
  • 3 min de leitura

Atualizado: 4 de set. de 2019

O questionamento lançado no título dessa postagem é motivada pelas discussões realizadas em nosso encontro semanal do dia 28/08. A partir das leituras dos textos “ Da Crítica Feminista à Ciência a uma Ciência Feminista?”(2001) da Cecilia Maria Bacellar Sardenberg e na sequência o texto “ O feminismo mudou a ciência?”(2006) da Evelyn Fox Keller.


Ambas as autoras discutem sobre a inserção da mulher na ciência. Inicialmente trabalhamos o texto da Cecília Sardenberg, que faz uma apanhado sobre como essa discussão tem sido teorizada historicamente. Para isso a autora recorre a várias referências importantes nessa discussão como Sandra Harding e Helen Longino. Em sua narrativa Cecília aponta a importância dos movimentos sociais, evidenciando para isso, as conhecidas ondas do feminismo. As feministas da primeira onda, também chamadas de liberais ou feminismo da igualdade pedem pela equidade de direitos entre homens e mulheres, exigindo, por exemplo, o direito ao voto e a participação das mulheres nas atividades científicas. Para as feministas da segunda onda a "simples" inserção das mulheres na ciência não seria suficiente. Para elas seria necessário uma modificação estrutural nessa ciência que foi concebida a partir de um viés machista e excludente. As noções de epistemologias feministas, no plural, também são apresentadas nesse texto e trazem consigo o questionamento sobre a neutralidade e objetividade científica.


Na sequência da discussão, tomamos o texto da Evelyn Fox Keller que vai nos apresentar exemplos práticos na biologia de como a inserção das mulheres nas atividades científicas foi importante para o estabelecimento de novas perguntas e inclusive de mudanças conceituais na área. A autora discute as noções de óvulo “passivo” e espermatozoide “ativo” empregadas para a compreensão, na embriologia, do processo de fecundação e mostra como historicamente essa concepção prevaleceu por muitos anos nesta área. Além desse exemplo a autora discute também a noção de seleção sexual defendida por Darwin, também carregada da ideia de que o macho desempenha um papel mais importante no processo de reprodução e perpetuação da espécie. A partir desses exemplos Evelyn nos mostra como a inserção das mulheres nas pesquisas possibilitaram novas concepções e formas de pensar sobre uma mesma temática. Evelyn explica que essas percepções de gênero incorporadas aos conteúdos na biologia são motivados por uma gama de fenômenos que acabaram recebendo o nome de “efeito materno”.


Atualmente nosso grupo é composto em sua maioria por mulheres. Enquanto pensadoras sobre a ciência, em cada lugar singular de onde parte nossa fala, fomos estimuladas por tais leituras a perceber como o fato cientifico – logo toda a ciência – está estruturada por elementos históricos que denunciam a singularidade opressiva que forja a história da mulher. Tendo em vista isso, a relação que a mulher mantém com aquilo que caracteriza o espaço cientifico é medida a partir da história do lugar da mulher na sociedade, com todos os elementos contraditórios e as questões em aberto que ainda não fomos capazes de responder como sujeitos históricos deliberadoras e problematizadoras no presente, munidas pelo passado e o futuro.


Para além dos efeitos da denúncia crítica dos lugares de vítima da história, esses artigos nos convidam com nossos colegas, parceiros, a fazermos a diferença, seja pela reforma das estruturas das instituições cientificas seja pela revolução das mesmas. Uma diferença que impõem fazer e pensar ciência para além da crítica por si mesma, para além da sabatinagem do que aconteceu no passado e que pode continuar se repetindo no presente, se a ação da crítica não se desdobra em ação de produção cientifica, descoberta-criação de novos ângulos de abordagens tanto da própria ciência como dos fenômenos que a ciência se propõem explicar. E essa responsabilidade é tanto nossa como daqueles que buscam construir uma ciência coerente com o que é preconizada por sigo mesma, razão!.


Texto escrito por Alana Tamires e Maria Clara.


 
 
 

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